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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Blogagem Coletiva - Minha Ideia é Meu Pincel

Este post faz parte da Blogagem Coletiva “Minha Ideia é Meu Pincel” proposta pela amiga Glorinha, do Café com Bolo

Tema de hoje: Georgia O'Keefe - The Waterfall
Georgia O'Keefe - The Waterfall 
Sei que a tela retrata uma cachoeira, mas olhando vejo um lírio e também uma mensagem subliminar da pintora. Mensagem de erotismo codificada numa ligação íntima com a natureza, visto que a tela nitidamente sugere a sexualidade feminina, na figura de uma vulva, revelando a intimidade feminina.

Esta imagem faz refletir sobre a condição feminina e imediatamente lembro a iraniana Sakineh Mohamadi Ashtiani, condenada à morte por adultério no país dos aiatolás.
A iraniana que chamou a atenção de todo o mundo é mãe de dois filhos e havia sido condenada à morte por adultério, por manter relações consideradas ilícitas com dois homens após ficar viúva.

Ela foi julgada pela primeira vez em 15 de maio de 2006, por um tribunal de Tabriz, quando admitiu ser culpada do crime de "manter relacionamento ilícito" com dois homens, embora o incidente tivesse ocorrido após a morte do seu marido. Em maio de 2006, ela levou 99 chibatadas por esse "crime". Pelo chicote, foi forçada a dizer, pela primeira vez, que se trata de uma adúltera. Das 100 chicotadas que a lei islâmica lhe prescreveu, recebeu apenas 99 por “senso humanitário” do juiz.

Neste mesmo ano, em setembro, um dos amantes foi condenado pelo homicídio do marido dela. O caso foi, então, reaberto e ela foi sentenciada à morte por apedrejamento. Para evitar críticas internacionais o Irã mudou a condenação de Sakineh de adultério para assassinato. Logo depois, decidiu que ela vai responder, na verdade, pelas duas acusações.

“É como se me apedrejassem até a morte todos os dias”. É assim que a iraniana Sakineh Mohamadi Ashtiani, define seus dias à espera do cumprimento da sentença. Em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, Sakineh acusa o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad de mentir a respeito das acusações contra ela na tentativa de executá-la em segredo.

“Vivo num país em que as mulheres não podem se divorciar dos maridos e são privadas de seus direitos mais básicos”, continuou a iraniana. "Todos esses anos, o governo tentou me convencer de que eu sou uma mulher adúltera, uma mãe irresponsável, uma criminosa. Mas, com o apoio internacional, uma vez mais me vejo uma pessoa inocente. Não deixem que me apedrejem diante do meu filho", implorou Sakineh. "As palavras dos guardas de Tabriz...o jeito como me olham -uma mulher adúltera que deveria ser apedrejada até a morte - é como ser apedrejada todos os dias."

A iraniana ainda falou ao jornal a respeito de seu julgamento. “Quando o juiz me entregou minha sentença, nem percebi que deveria ser apedrejada à morte porque eu não sabia o que ‘rajam’ significa”, afirmou. “Eles me pediram para assinar minha sentença e eu o fiz, daí eu voltei à prisão, e os meus companheiros de cela me disseram que eu seria apedrejada à morte e eu, instantaneamente, desmaiei".

Sakineh creditou sua sentença capital ao fato de ser mulher. O homem que assassinou seu marido – e cujo nome não foi revelado – está livre da pena de morte porque o filho da iraniana o perdoou. “A resposta é simples. Tudo isso está acontecendo comigo porque sou mulher. Eles pensam que podem fazer qualquer coisa a uma mulher neste país. Por causa deste governo, o adultério é considerado um crime pior do que o assassinato – mas não para todo o mundo. Um homem adúltero pode nem sequer ser preso, mas, para uma mulher, isso é o fim do mundo”, disse Sakineh.

Apesar dos apelos pelo cancelamento da sua execução, enviados através da Anistia Internacional, do Comitê Internacional contra Apedrejamento e pela Human Rights Watch, bem como por várias celebridades, Sakineh continua detida, aguardando a execução da pena decretada pela justiça iraniana.

A história parece pré-medieval, mas acontece agora!
Triste condição feminina.



32 comentários:

Unknown disse...

Lianara
que bonito post que você fez.
eu não conhecia totalmente a história da Sakineh.
Infelizmente, o sexismo existe e ainda assola muitas pessoas.
Existe a tecnologia e tantos avanços, mas predomina a falta de bom senso e amor.
Parabéns pelo blog,viu?
Lindo!

Manuela Freitas disse...

Olá Lia,
Gostei desse vizualização da pintura ligada ao sexo feminino, é exactamente aquilo que de imediato se pensa, apesar de ser uma cascata!
E gostei da ligação que fizeste a Sakineh Mohamadi Ashtiani, que é um caso gritante de atraso e de aviltação de um ser humano!
Bjs,
Manú

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Realmente em pleno século XXI, não se admite essa crueldade.

deixo um beijinho
Sonhadora

Anônimo disse...

Querida amiga Lia,
E acreditar que ainda existem lugares no mundo que cometem essas atrocidades.
É muita ignorância junta. Leio algumas notícias de vez em quando que me revoltam.
Vi num documentário certa vez, que por incrível que pareça, alguns que são julgados à sentença de morte, até se sentem aliviados com isso.
Tudo em nome de ...
Deixa pra LÁH !!! rs

Hoje tô com a tocha!!! rsrs

Beijão

Astrid Annabelle disse...

A sua leitura combina com a minha Lia!
A flor e toda uma sensualidade velada.
Você ainda associou ao tema atual da Sakineh. Que Deus tenha piedade dos que julgam!!!
Um beijo grande
Astrid Annabelle

orvalho do ceu disse...

Olá,Lia queirda
Achei muito propícia sua atualização do Tema da Tela em questão...
Isso é um bom sinal: Arte x Vida... Parabéns!!!
Alegre-se!!!
Com O'keef encantamos... "seduzimos"... embelezamos o mundo...
Muita paz no dia de hoje!!!
Bjs

chica disse...

Achei interessante associares o feminino da tela com a condição bárbara feminina que ainda existe e quase não cremos.

Um beijo,tudo de bom,chica

*Mi§§ §impatia* disse...

Gostei da associação que tu fizestes.....
Nossa esse caso me revolta demais....é um totalmente absurdo.....
Beijos linda.

Silenciosamente ouvindo... disse...

A situação de Sakineh Mohamadi Ashtiani infelizmente não é único,
isto apenas teve impacto na
Comunicação Social. São regimes
políticos terríveis...que nós nem
em pensamentos conseguimos sentir
verdadeiramente.Gostei da associação entre a pintura de um
quadro e esta situação.
Saudações/Irene

Glorinha L de Lion disse...

Oi Lia, quantas visões diferentes de uma mesma tela! Adorei essa blogagem, que a princípio achei que as pessoas não iriam gostar ou achar difícil. Muito boa sua associação com o caso da Sakineh, que em nome de uma "cultura" pode ser morta a qq momento. O mundo ainda é medieval em muitos lugares, inclusive em alguns estados e cidades de nosso país. beijos,

Élys disse...

Lia
Venho conhecer este seu cantinho e agradecer a sua visita.
Interessante, você colocar estas duas
situações.
Uma, a beleza da mulher, retratada através da sua sensualidade, na pintura de O'Keef. A outra , o crime que querem perpetrar contra Sakinee.
Não há justificativa para essa execução e a meu ver para nenhuma pena de morte.
Gostei de tudo que vi por aqui e vou segui-la,
Obrigado,também por seguir-me.
Beijos

Unknown disse...

Rendo-me não há sua imaginação, mas á sua realidade.

Beijinho querida amiga.

Beth/Lilás disse...

Beleza sua participação nesta blogagem, Lia!
Também participei do protesto contra a morte desta pobre mulher e acho que quanto mais falarmos através da rede será melhor para ela.
um grande abraço carioca

welze disse...

que demais! uma visão lúdica e outra tão oportuna e atual. gostei demais da conta

Malu Machado disse...

Lina, querida,

A flor velada. Magnífica ponte com o caso de Sakineh.

A libido não pode ser desvelada pode ser sensual, mas sem dúvida remete ao proibido, o escuso, o que não é consentido às claras.

Adorei o seu olhar.

Bjs,

Suziley disse...

Boa noite, Lia:
Bela participação e postagem. De fato, devemos protestar contra toda forma de crueldade contra as mulheres. Todas merecem respeito e dignidade. Linda mensagem. Um beijo :)

Isadora disse...

Lia, sobre a tela, interessante a sua observação. Alguns amigos também perceberam uma mensagem subliminar. E vendo pelos seus olhos, sim, a tela carrega erotismo.
Extremamente oportuno a continuação sobre a nossa condição,e, principalmente sobre a condição de mulheres que, infelizmente, ainda hoje vivem em lugares onde esse tipo de violência é permitida. Triste!
Um beijo

disse...

Lia...Parabéns!!!Você fez uma ponte pertinente e necessária. Lindo fim de semana!

Mylla Galvão disse...

Lianara,

Eu, o marido, tb vimos uma planta... Uma linda flor...
Sobre o caso da iraniana, não vou nem falar nada. Apenas dei o meu apoio incondicional a ela.
Em pleno século XXI isso ocorrer de forma tão bizarra, tão atrasada...
Nem vale a pena falar...

Belo texto o seu!

bjo

Lu Souza Brito disse...

Lia,

Você assim como o Alexandre (Lost In Japan) associou a tela a algo atual, cotidiano e que precisamos nos atentar muito,. Afinal, que mundo é esse que vivemos que nos permite que pessoas sejam condenadas e mortas desta maneira???
Porque o caso dela foi divulgado, mas e quantos outros não o são?

Abraço!

Unknown disse...

Lia, querida!
Esta história da iraniana é simplesmente uma estupidez sem tamanho. É incrível pensar que no mundo atual ainda hajam lugares onde os pensamentos são assim... não sei se ainda tenho esperanças que o mundo melhore um dia... a cada ano que passa sinto como se déssemos passos para trás e isso me assusta!
Beijos, flores e muitos sorrisos!

Regina Rozenbaum disse...

Lia, amada!
Que delícia foi "Rê"/vê-la lá no nosso Divã e que baummm que persistiu em abrí-lo (não faço a mínima ideia do que ocorreu. Aliás continuo na minha catiguria de uma BIOS em evolução rsrs). Muiiiita água correu naquele Divã e agora penso que elas estarão a correr com mais calma! Graças a D'us e a força, torcida, vibração de cada um dos meus amados estou bem..."sob controle" e vivendo essa VIDA que vale a pena de ser vivida!
Beijuuusss ILUMINADOS n.c. e um feriadão maravilhoso procê!

www.toforatodentro.blogspot.com

Silenciosamente ouvindo... disse...

Obrigada pela sua visita e pelo registo. Nos iremos daqui para a
frente encontrando.
Desejo-lhe um bom fim de semana.Bj/Irene

Socorro Melo disse...

Oi, Lia!

A tela The Waterfall nos mostra flores (lírio), cachoeira, natureza, e a sexualidade da mulher. Temáticas que encantam toda mulher, de fato. E a abordagem sobre o caso da Iraniana, foi bastante apropriada,pois,nos faz refletir no quanto a mulher ainda tem a vencer.
Ótimo, Lia. Gostei muito.

Beijos
Socorro Melo

Unknown disse...

Olá Lia,

E eu que pensava que tinha visitado todos os participantes da blogagem coletiva chego aqui e constato que não até ao seu blogue. Lamento.

Vim agradecer-lhe e deixar-lhe um abraço por ter ido ontem à festa que houve no 'Cova do Urso'. Só não vim mais cedo, por falta de tempo.

António

Luma Rosa disse...

O caso desta senhora é bastante emblemático e representa as várias pessoas que estão à espera de julgamento no Irã. Estamos indignados e sensibilizados, mas quem deve sensibilizar pouco sabe do que acontece por lá. Fala-se mais aqui no ocidente sobre o caso, que em seu país de origem. Mas sempre foi assim nos governos tiranos! A sociedade mundial tem mesmo que se revoltar!
Sabe que enxerguei na tela um par de pernas bem torneadas andando em minha direção? Veja lá, a moça está com roupas diáfanas e esvoaçantes. Se este quadro fosse exposto no Irã, certamente seria apedrejado!! (rs*) Beijus,

► JOTA ENE ◄ disse...

ººº
Sem dúvida, inacreditável nos tempos que correm.

PS - Mas será mesmo que não existe ponto final?

Josselene Marques disse...

Olá, Lianara!

Hoje, arranjei um tempinho para visitar os seguidores do meu blog.
Que belo tour estou fazendo! Seu espaço virtual é um luxo. Pa-ra-béns!
Também achei muito interessante a associação que você fez entre a pintura e o drama desta pobre mulher. As questões culturais são muito fortes...
Tenha um excelente feriado!
Abraço.
Josselene

PRECIOSA disse...

Olá, me encantei com suas escritas
Se permites estarei sempre de volta aqui
Te sigo com carinho
Abraços
Preciosa Maria

Penélope disse...

Lianara, o homem ainda continua a escravizar o homem por meio de suas condenações e abuso de poder.

Também tenho a mesma visão sobre a obra de arte, o lírio nos remete mesmo a sexualidade a feminilidade por sua pureza e seu aspecto sinuoso.
Adorei a postagem
Abração

Vitor Chuva disse...

Olá, Lia, bom dia!

Obrigado pela sua visita.

Este caso da condenação de Sakineh é gesto bárbaro, primitivo, revoltante, a todos os títulos condenável.Mas, Sakinehs há muitas por esse mundo islâmico fora, e cujos casos nunca vêem a luz do dia, só porque acontecem em países que se não querem hostilizar ... e este é igualmente o outro lado duma verdade muito mais abrangente.

Um abraço.
Vitor

Rosemildo Sales Furtado disse...

Olá amiga! Passando para agradecer pela honrosa visita, bem como, as palavras amáveis deixadas no seu comentário sobre a nossa comemoração de segundo aniversário. Gostaria de poder continuar contando com o seu valioso apoio que somente me incentiva e me fortalece.

Muito obrigado e fique certa que a recíproca é e será sempre verdadeira.

Belo post, já conhecia parte da história dela, inclusive, assinei a petição.

Abraços e que DEUS nos abençoe.

Furtado.